O nome dele é Antonio, mais
conhecido como Toinho de Leandra, mora na Zona Rural de Cachoeira, cidade
histórica do recôncavo da Bahia.
Ela é Silvia, uma mulher dócil e calada. Silvia percebeu o Amor e dedicação de
Toinho na adolescência e logo decidiram tocar a vida juntos
Depois da morte da sua mãe, ele herda não só a casa, mas a destreza de
trabalhar com a natureza.
Ele como Homem do Campo, na lida dura da roça, aprendeu a tecer cipó caboclo
com sua mãe, e logo sua habilidade de trabalhar com tal material aumentou, ai
foi a vez de Silvia absorver a técnica. Silvia desenvolveu rapidamente a
técnica e logo já ultrapassava Toinho em sua criatividade para confecções das
peças, cestos, balaios, fruteiras, caxixi, e muitas outras que saem da mente
criativa de Silvia; Mas é através de Toinho que as coisas se consolidam na
família. A venda dos artigos na feira livre, o pagamento das contas, a
alimentação que entra na casa, tudo é papel fundamental de Toinho, que não abre
mão de ser chamado de Pai de Família.
O universo onde é formado
esse convívio de artesões é em uma casa de taipa, onde o acesso é ruim, estrada
de chão batido, poucos vizinhos, longe do burburinho urbano, que não faz falta
essa família, em partes...
A casa tem estrutura simples, um pouco precária. Feita de barro batido, possui
poucos cômodos; Uma sala que a noite vira o quarto dos filhos, o quarto do
casal e a cozinha. Todos muito apertados, a sensação de estar dentro da casa de
Toinho e Silvia é meio que como está numa caverna, a porta e a janela ficam
sempre abertas para entrada de luz, mas logo no cair da tarde a escuridão e
mosquitos começa a fazer parte dessa cena.
O banheiro é fora de casa, como de costume na zona rural, a água tem que ser
armazenada em tonéis, pois nem sempre ela cai da torneira.
O radio armengado na sala
informa as noticias, e Toinho quase nunca as escuta, agarrado a suas
ferramentas de trabalho, machado, facão e foice, sempre esta de serviço, hora
limpando um terreno, hora retirando cipó no mato para sua arte, aquela que
assegura sua existência e bem estar da família. Toinho tem sonhos, deseja uma
casa melhor, de tijolos, com telhas novas e o chão com lajota. Não precisa ser
piso de porcelana, ele quer ver as paredes rebocadas com cimento, também não precisa
pintar de primeira, eu me contento em ver a cor do cimento, diz Toinho com os
olhos cheios de emoção.
Queria um carrinho também, pra levar minhas coisas pra vender na feira, pra
viajar com minha nêga.
Locomover-se com mais facilidade, expandir os horizontes, Toinho consegue
identificar que precisa se movimentar para as coisas acontecerem, para que seus
sonhos se realizem, para que as oportunidades da sua família aumentem.
Sou Avô, diz Toinho, e Silvia sorri com a pequena neta nos braços, e me mostra...
Essa é meu denguinho; Uma família amorosa, que se importam uns com os outros em
meio às dificuldades... Da natureza tiram o seu sustento, moram numa humilde casa feita de materiais de construção primários.
Tem três filhos, Eliene, Eliana e Antonio Junior, uma das filhas, a que já esta
casada, a Eliene, presenteou Toinho e
Sonia com uma linda netinha.
Na sala que a noite vira quarto, dormem Eliana, que quer ser advogada e Antonio
Junior, o caçulo.
Como Toinho de
Leandra costuma falar, ela (Eliana), é esforçada, estudiosa, mas já o Junior,
esse ai só quer saber de bola e fliperama.
E em algumas situações os desejos da família se dividem.
Como? Pois bem, os adolescentes adoram a cidade, anseiam em estar lá, desejam o
universo do caos barulhento do trânsito, do convívio com as tecnologias, são
apaixonados pelo movimento do crescimento urbano. Isso se mostra completamente
o inverso do desejo dos pais, que vêem a cidade apenas como centro de venda dos
seus produtos e uma das opções de lazer.
E quando pergunto se ele deseja um dia se mudar, ele responde:
- Olhe a sua volta, você acha que eu vou largar minha horta, minhas frutas, meu
sossego, por aquela bagunça? As pessoas na cidade vivem com medo, correndo de
um lado pra outro sem observar a natureza. Só se for louco pra sair daqui, e
Silvia balança a cabeça afirmativamente e diz: Verdade meu Nêgo, Verdade!!!
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